O médico pneumologista Francisco Mazon explica que enquanto um cigarro comum tem entre 1 mg e 2 mg de nicotina, o cigarro eletrônico costuma ter de 3 mg até 5 mg.
“Para fumar um cigarro comum, gasta-se de 1 a 5 minutos. Mas quem fuma um cigarro eletrônico fuma por muito mais tempo. Em 10 minutos, são 30 mg de nicotina, ou seja, o equivalente a um maço e meio de cigarro comum, em um cálculo conservador.”
A nicotina é um estimulante, assim como a cocaína, e seu excesso em um curto espaço de tempo pode provocar reações adversas perigosas no corpo, explica o médico.
“A nicotina age sobre o cérebro, aumentando a dopamina e a serotonina. Mas ela também contrai os vasos e aumenta a pressão sanguínea, acelera o coração e pode provocar infarto e derrame. Também pode causar um ‘curto-circuito’ no cérebro, que é a convulsão, ou no coração, que é a arritmia”, acrescenta o médico, ressaltando que episódios como infarto e derrame podem ser fatais.
Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (agência responsável por regular substâncias como o tabaco) está investigando mais de 120 relatos de convulsões e sintomas neurológicos relacionados ao uso de vapes.
“As convulsões são efeitos colaterais potenciais conhecidos da toxicidade da nicotina e foram relatados na literatura científica em relação à deglutição intencional ou acidental de e-líquido [refil dos cigarros eletrônicos]. No entanto, um aumento recente em relatos voluntários de experiências adversas com produtos de tabaco que mencionaram convulsões ocorrendo com o uso de cigarros eletrônicos (por exemplo, vaping) sinalizam um potencial problema emergente de segurança”, informou a agência em nota.
Além disso, explica Mazon, as cápsulas usadas nos vaporizadores são feitas de um derivado de petróleo, o que pode contribuir para problemas respiratórios como bronquite e bronquiolite.
No documento Cigarro eletrônicos: o que sabemos, a Anvisa listou 21 elementos, além da nicotina, que estão presentes no vapor dos cigarros eletrônicos e seus efeitos no organismo.
Dentre eles estão chumbo, cromo e ferro, que são apontados como agentes cancerígenos para o pulmão. O chumbo também pode provocar danos ao sistema nervoso central e aos rins.
O informativo também cita um estudo recente que concluiu “que que as células epiteliais normais de glândulas, órgãos, e cavidades de todo o corpo, incluindo a boca e os pulmões, que foram expostas ao extrato do vapor, apresentaram vários tipos de danos, entre eles o aumento da ruptura das cadeias de DNA que compromete o processo de reparação celular sendo, portanto, um risco para o surgimento do câncer”.
“As células afetadas pelo vapor também foram mais propensas a apresentar apoptose e necrose levando a morte celular, independentemente da presença ou não de nicotina no cigarro eletrônico. Os autores acreditam que deve haver outros componentes nos cigarros eletrônicos responsáveis pelos danos celulares.”
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